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Do Maracatu à Roda de Capoeira, um ano de conquistas do patrimônio cultural brasileiro

22/12/2014
Do Maracatu à Roda de Capoeira, um ano de conquistas do patrimônio cultural brasileiro

capoeira“Foi uma das maiores emoções da minha vida”, entusiasmou-se Fábio Sotero, presidente da Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco (Amanpe), quando soube que o Maracatu Nação recebeu do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) o título de Patrimônio Cultural do Brasil. “Espero que o título traga mais respeito, apoio e reconhecimento para essa manifestação cultural com mais de 200 anos de existência”, afirmou.
Com a grande maioria dos grupos concentrada nas comunidades de bairros periféricos da Região Metropolitana do Recife, o Maracatu Nação, também conhecido como Maracatu de Baque Virado, é um conjunto musical percussivo, que sai às ruas para desfiles e apresentações durante o carnaval. “Acredito que, com o título, haverá maior reconhecimento e que será mais fácil fazer requerimentos para o governo. O frevo, quando ganhou título de Patrimônio Imaterial da Humanidade (em 2012), recebeu imenso respeito… Espero que isso também aconteça com o Maracatu”, declarou o presidente da Amanpe.
Essa forma de expressão musical não foi a única a conquistar a condição de bem do Patrimônio Cultural do Brasil. Só neste ano, o Iphan registrou 19 bens nessa mesma categoria. Em dezembro, além do Maracatu Nação, o Maracatu Baque Solto e o Cavalo-Marinho, de Pernambuco; a Tava, lugar de referência para o povo Guarani, do Sítio São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul; a Coleção Geyer, no Rio de Janeiro (RJ); o Acervo do Museu de Artes e Ofícios de Belo Horizonte (MG); e o Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja, de Cachoeira (BA), passaram a integrar a lista.
Já em setembro de 2014, mereceram o título de Patrimônio Cultural Brasileiro o Carimbó, do Pará; a Igreja São Judas Tadeu em Vargem (SC), como integrante dos chamados Roteiros Nacionais de Imigração; seis fortificações construídas entre os séculos XVII e XX, localizadas nos municípios de Óbido (PA); Rosário (MA); Bonfim (RR), Corumbá e Ladário (MS).
No início do ano, em maio, o Conselho Consultivo do Iphan também aprovou mais registros: o da Produção Tradicional e Práticas Socioculturais Associadas à Cajuína no Piauí e os tombamentos de estabelecimentos das Fazendas Nacionais do Piauí: Fábrica de Laticínios, em Campinas do Piauí, e Estabelecimento Rural São Pedro de Alcântara, em Floriano.

Patrimônio Mundial

Mas o grande destaque de 2014 foi mesmo da Roda de Capoeira. Essa manifestação cultural recebeu, em novembro, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, após votação durante a 9ª sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial, em Paris.
Na ocasião, a ministra interina da Cultura, Ana Cristina Wanzeler, afirmou que o reconhecimento foi “uma conquista muito importante para a cultura brasileira”. Já a presidenta do Iphan, Jurema Machado, presente na sessão do comitê na época, explicou que as políticas de patrimônio imaterial não existem apenas para conferir títulos, mas para que os governos assumam compromissos de preservação de seus bens culturais, materiais e imateriais.
A Roda de Capoeira veio somar-se a mais quatro bens que receberam da Unesco o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade: Samba de Roda no Recôncavo Baiano, Arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi (do Amapá), o Frevo (expressão artística do carnaval do Recife, em Pernambuco), Círio de Nossa Senhora de Nazaré (de Belém do Pará).