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Sistema prisional alagoano dá atenção especial aos portadores de tuberculose

11/11/2014
Sistema prisional alagoano dá atenção especial aos portadores de tuberculose

Enfermeira Isis Fernandes ressalta que o trabalho realizado entre os reeducandos é uma necessidade de saúde pública, que acaba afetando toda a sociedade

Enfermeira Isis Fernandes ressalta que o trabalho realizado entre os reeducandos é uma necessidade de saúde pública, que acaba afetando toda a sociedade

Há pouco mais de um ano a equipe de enfermagem do Sistema Prisional de Alagoas vem dando uma atenção especial aos portadores de tuberculose. O projeto Dia B, idealizado pela enfermeira Ísis Fernandes, consiste no tratamento integral da doença, através de um acompanhamento regular que acontece no 5º dia útil de cada mês.
Recentemente, o projeto foi vencedor na 14ª Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças. “Os exames já eram feitos anteriormente, mas agora fazemos todo o acompanhamento da doença. Verificamos se o paciente está reagindo bem ao medicamento, se estamos tendo resultados eficientes, e tiramos todo 5º dia útil do mês para isso. O interessante é que todo sistema prisional, as oito unidades no Estado, faz o mesmo”, disse a enfermeira.
Isis ressalta ainda que o trabalho realizado entre os reeducandos é uma necessidade de saúde pública, que acaba afetando toda a sociedade. “As pessoas tem que entender que o paciente está aqui, mas uma hora será inserido novamente na sociedade, então se não tratamos corretamente a tuberculose, ele pode sair e contaminar outras pessoas, assim como as visitas”, explica Isis.
Quando o paciente é diagnosticado com a doença, automaticamente é feito também o exame de HIV, pois, de acordo com a diretora de Enfermagem do Presídio Santa Luzia, Clarice Oliveira, a tuberculose se desenvolve com mais facilidade nos soropositivos.
“Dados do Ministério da Saúde mostram que, nos pacientes portadores de HIV, a maior causa de morte é tuberculose. O soropositivo tem infinitas vezes mais chances de desenvolver a doença. Então, mesmo que o paciente já tenha feito o teste de HIV, quando diagnosticamos o mesmo com tuberculose, realizamos o exame novamente”, explicou Clarice.
No sistema prisional, os reeducandos têm 26 vezes mais chances de desenvolver a tuberculose. Isso acontece em maior incidência nesses casos por muitos deles serem adictos de drogas, portadores de HIV, o que leva à imunodeficiência, e estarem em ambientes escuros, entre outros fatores. “É preciso de um ambiente propício para que a tuberculose se manifeste. No Brasil, 80% dos reeducandos estão vulneráveis”, completou a diretora.
Em Alagoas, nas 8 unidades do sistema prisional, existem 25 pessoas contaminadas com a doença, que estão passando por tratamento. Desses 25, 15 estão recebendo alta, com o tratamento completo. “Refazemos mensalmente o exame de baciloscopia e acompanhamos cada caso, vendo se é necessário refazer a terapêutica do paciente”, finalizou Inês.