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Moreno Brandão

26/11/2014
Moreno Brandão

    Durante muitos anos, o Rio São Francisco se constituiu em uma estrada líquida e única para conduzir os moradores dos municípios ribeirinhos, no limite oeste do Estado, que precisavam se deslocar entre os pontos extremos de seu curso alagoano. Nascido em Pão de Açúcar, no dia 14 de setembro de 1875, Francisco Henrique Moreno Brandão, filho de Félix e Maria Aguiar Moreno Brandão, fez desde cedo esse itinerário fluvial para realizar os estudos fundamentais no Colégio São José, em Penedo, antes de ser matriculado no Liceu Alagoano, em Maceió, onde concluiria sua formação acadêmica.
A ausência de um diploma de nível superior não arrefeceu o fulgor do brilhantismo na vida desse inteligente conterrâneo. Autodidata, adquiriu invejável cultura patenteada no exercício do magistério, quando lecionou  português e história em vários colégios da capital e do interior, ou colaborou como articulista nos melhores jornais de seu tempo.
Como funcionário público, jornalista, poeta, romancista e historiador se impôs ao respeito e à admiração da comunidade que o elegeu Deputado Estadual. De 1921 à 1924 enriqueceu as sessões da Assembléia Legislativa com seus projetos e privilegiada oratória.
Autor de vasta obra literária, legou à posteridade dezenas de livros. Iara, Vinho Velho e o Escomungado são alguns entre os seis premiados romances. Publicou, também, três coletâneas de contos e quatro monografias, enfocando aspectos do cotidiano em cidades como Penedo, São Miguel dos Campos, Pão de Açúcar e Maceió, que exerceram influência na sua vida. Ainda hoje são respeitados e utilizados pelo conteúdo didático que possuem, os vários estudos históricos, dentre os quais, Figuras Consulares, Medalhas do Populário Brasileiro e História das Alagoas, o mais famoso de todos, nesse gênero.
Ao falecer, com 63 anos de idade, Moreno Brandão integrava, há bastante tempo, os quadros efetivos da Academia Alagoana de Letras da qual foi sócio fundador e do Instituto Histórico e Geográfico, onde exercia o cargo de Segundo Secretário.
Além de reverenciar a memória desse ilustre filho, Alagoas tem o dever de destacar seu nome entre os daqueles que transformaram o esforço em arma de luta e a competência em alavanca poderosa, capaz de projetá-lo no tempo em pé de igualdade com os luminares da cultura e do saber.