Política

Executiva do PT indica agenda positiva no 2º governo Dilma

04/11/2014
Executiva do PT indica agenda positiva no 2º governo Dilma

Dilma se pronuncia após vitória nas eleições

Oposicionistas do Partido dos Trabalhadores (PT) pregaram durante as eleições deste ano que a sigla deveria ser derrotada por estar distante de preceitos básicos que a acompanharam, e que foram se perdendo desde o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. Ainda que vitoriosos, os petistas parecem terem entendido o recado e sabem o que fazer. A questão é: eles farão? E muito passa pela presidente reeleita Dilma Rousseff.
A executiva nacional do PT realizou nesta segunda-feira (3) a sua primeira reunião pós-eleições e procurou mostrar que está ciente do rumo que é preciso tomar – ou melhor, retomar – se quiser garantir uma mínima governabilidade pelos próximos quatro anos. A resolução do encontro, de nove páginas, mostra que o partido aposta em duas frentes principais: a reforma política e a democratização da mídia.
O primeiro ponto parece ser o mais crível, já que é uma demanda de toda a sociedade, de aliados a oposicionistas. A discussão pelos próximos meses deverá repousar no formato em que isso se dará. O segundo é um sonho antigo do partido, e deve enfrentar muito mais resistência – nem mesmo Dilma abraçou fortemente a ideia de regulamentar a mídia no País. Aliás, um maior diálogo com a presidente é uma demanda comum no PT.
A falta de tino e articulação política de Dilma, somada a sua insistência em tomar decisões de maneira isolada – pontos muito bem descritos em perfil feito pela revista Piauí – são obstáculos a serem vencidos pelo próprio PT. A presença da presidente na próxima reunião do diretório nacional, nos dias 28 e 29 de novembro, é vista como caminho para aparar as arestas daquilo que não funcionou no primeiro mandato de Dilma.
“Quando a gente fala em ampliar o diálogo, é também reforçar o papel do PT no governo. Vamos ter a reunião do diretório e convidamos a presidente Dilma. Agora, já está melhorando. A presidente Dilma já deu ao nosso presidente [Rui Falcão] status maior para participar do governo. Então, é só aprimorar e lubrificar um pouco mais esses esforços”, afirmou ao G1 o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

Economia e ‘calafrios’
Os petistas sabem que a questão econômica precisa ser vista com máxima urgência também. Um integrante da executiva, que pediu anonimato, afirmou à Agência Reuters que esse tema foi o que tomou maior tempo das discussões. “Foi um ano muito sofrível com o Guido (Mantega) na Fazenda. Temos que recuperar a credibilidade da política econômica, com o mercado e com os aliados. O ambiente está bem deteriorado”, analisou.
Os caciques do PT ainda definiram que o partido deve oferecer um nome para disputar a presidência da Câmara dos Deputados, embora o parlamentar em questão ainda não tenha sido definido, segundo publicou o jornal Folha de S. Paulo. Ele terá uma provável disputa com o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), nome que dá calafrios nos petistas, que sofreram com a liderança dele sobre os “descontentes” no primeiro semestre deste ano.
Para os setores progressistas da sociedade brasileira, o PT sinalizou que pretende levar adiante demandas sustentadas com mais propriedade por outros partidos de esquerda, como a criminalização da homofobia e a desmilitarização das polícias no Brasil. “O PT precisa estar à altura dos desafios deste novo período histórico”, diz a resolução, já em sua parte final do texto. A sinalização pela necessidade de renovação existe.
Resta pôr em prática, outro grande desafio com base em uma Câmara mais conservadora e muita desconfiança até mesmo entre aliados.