Geral

Seminário discute práticas exitosas do Projeto A Cor da Cultura

31/10/2014
Seminário discute práticas exitosas do Projeto A Cor da Cultura

Secretária adjunta da Educação, Adriana Araújo, destacou a importância do evento e a contribuição do projeto para a valorização da diversidade cultural e étnica Foto: José Demétrio

Secretária adjunta da Educação, Adriana Araújo, destacou a importância do evento e a contribuição do projeto para a valorização da diversidade cultural e étnica Foto: José Demétrio

Educadores, técnicos e representantes de movimentos sociais de Alagoas estiveram reunidos no Centro Formação Ib Gatto Falcão, no Centro Educacional de Pesquisa Aplicada (Cepa) para participar do I Seminário A Cor da Cultura. Uma parceria entre a Fundação Roberto Marinho e as redes públicas estaduais, o projeto tem caráter socioeducativo e visa valorizar e reconhecer o patrimônio histórico e cultura dos povos africanos e indígenas para a formação do Brasil, bem como apresentar ferramentas pedagógicas para trabalhar a temática em sala de aula com os estudantes da rede pública.
O projeto, que em Alagoas é trabalhado desde o ano de 2010, consiste na disponibilização de kits com material pedagógico e formação continuada de professores sobre a questão afrobrasileira. Durante o seminário, os educadores da rede estadual socializarão práticas pedagógicas sobre a temática em suas escolas e participaram de oficinas sobre o conteúdo já desenvolvido.
Na abertura do encontro, a secretária de Estado adjunta da Educação, Adriana Araújo, destacou a importância do evento e a contribuição do projeto para a valorização da diversidade cultural e étnica do povo brasileiro. “O que vemos aqui hoje é fruto da luta dos movimentos sociais e faz com que tenhamos uma visão mais aprofundada da grande contribuição dos povos africanos e indígenas para a nossa formação histórica. Por meio do projeto, que disponibiliza farto material teórico, estas questões poderão ser trabalhadas de forma lúdica e interativa com nossos alunos “, frisou a secretária.
A representante da Fundação Roberto Marinho, Luana Dias, contou que o projeto, no momento, encontra-se em duas frentes de trabalho em todo o Brasil: formação de professores/educadores e acompanhamento de práticas elaboradas pelos estados que já desenvolvem o projeto há mais tempo. Alagoas se encontra neste segundo estágio e, nesta sexta-feira (31) pela manhã, uma equipe visitou a Escola Estadual Rocha Cavalcante, em União dos Palmares, para conhecer as atividades desenvolvidas na unidade de ensino.
“Durante nossa estadia em Alagoas, conheceremos as experiências das unidades de ensino de locais. Já percorremos outros sete estados brasileiros e todas as práticas pedagógicas bem sucedidas sobre esta temática vão gerar um caderno de estudos que será disponibilizado em todo o país”, informou Luana. Ela estima que no mês de novembro sejam distribuídos 300 kits do programa para as escolas estaduais contendo DVDs, jogos educativos, livros e outras ferramentas para trabalhar a história e cultura afrobrasileira em sala de aula.
Implementação de lei – Outro tema que dominou o seminário foi a implementação nas escolas públicas das leis 10.639/03 e 11.645/08, que tratam da inclusão do estudo história e cultura dos povos africanos e indígenas no currículo das escolas públicas brasileiras, resgatando suas contribuições nas áreas social, econômica e política do país. Para a implementação das leis nas instituições de ensino, o projeto disponibiliza o kit com as ferramentas pedagógicas a serem trabalhadas pelos professores.
A gerente de Diversidade da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, Graça Pereira, contou que a rede estadual já trabalha o tema na sua nova proposta curricular e que os benefícios da lei não serão apenas na área pedagógica. “O novo Referencial Curricular da Educação Básica, recentemente lançado pela nossa rede, contempla a questão étnico-racial no currículo, assim como questões relativas a gênero, diversidade, educação especial e do capo, dentre outras. A implementação desta lei, além de enriquecer o conhecimento sobre estes povos tão importantes para a nossa identidade, ajudará a combater o preconceito em nossa sociedade e a escola é espaço ideal para se começar este processo”, afirmou.
Psicólogo, comunicólogo e professor da rede estadual pernambucana há 36 anos, o educador Severino Lepê foi um dos palestrantes que debateu os desafios e possibilidades acerca da implementação das duas leis. “Somos o segundo país com maior presença negra do mundo, perdendo apenas para a Nigéria, mas, ainda assim, as pessoas não conhecem a dimensão da contribuição dos africanos. Nossas escolas aprendem sobre os gregos e a sua filosofia, mas não sobre os africanos. Por isso é importante investirmos na formação continuada dos professores brasileiros para mudarmos esta realidade”, declarou.
Formação – A Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) é um dos espaços acadêmicos do Estado que incentiva a formação inicial e continuada de professores acerca da história e cultura afrobrasileira e indígena. Coordenador do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (Neab) e vice-reitor da universidade, Clébio Araujo destacou alguma destas ações.
“Por meio do Núcleo já realizamos há três anos o Projeto Xangô Rezado Alto, onde se discutem questões relativas à cultura e religiosidade africanas, além de oficinas e palestras. Também temos, em parceria com o Ministério da Educação, o Programa de Graduação para Professores Indígenas que, até o final de 2014, formará 150 professores que já tinham o magistério, mas não uma graduação de nível superior, nos cursos de licenciatura que oferecemos”, disse.