Política

Entrevista: Professor sertanejo quer ser deputado estadual

01/10/2014
Entrevista: Professor sertanejo quer ser deputado estadual

edvaldoVereador por Delmiro Gouveia no terceiro mandato, Graduado em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), especializou-se em psicopedagogia. É mestre em Educação Brasileira pela Universidade Federal de Alagoas. Professor da rede estadual e municipal, Edvaldo tem uma militância dedicada a valorização da cultura e na defesa da educação pública gratuita de qualidade, inclusive destacando-se como um ícone na luta pela implantação do Campus da Universidade Federal de Alagoas no Sertão. Edvaldo é autor do livro Delmiro Gouveia e a Educação na Pedra. Também conhecido como Professor Edvaldo, é candidato a Deputado Estadual pelo PCdoB de Alagoas. Considerado um destacado parlamentar da cidade sertaneja, levando ao debate temas que têm como principal foco as questões sociais. Militante do PCdoB há 25 anos, ele é o candidato do partido nestas eleições, estratégia lançada pelo PC do B, com o propósito de reconquistar uma cadeira na Assembleia Legislativa, já ocupado pelos comunistas na década de 80, através de Eduardo Bomfim. A candidatura de Edvaldo tem recebido apoio de diversos segmentos da sociedade: professores, artistas, estudantes, donas de casa, grupos religiosos, intelectuais, trabalhadores rurais, inclusive do Ministro do Esporte Aldo Rebelo. Nesta entrevista, Edvaldo fala sobre a sua candidatura e suas propostas.

 

Tribuna do Sertão – O que fez o sr. colocar o seu nome para concorrer ao cargo de Deputado Estadual?

Professor Edvaldo – O PCdoB tem vários nomes capazes de assumirem esta tarefa, como Marcelo Malta e a Cláudia Petuba, que são duas lideranças com destacada atuação política. Porém, neste pleito, me deram a missão de representar o partido, os seus projetos e ideais e isto muito me orgulha, pois temos o compromisso de pensar o desenvolvimento de Alagoas. Ser candidato dará a oportunidade ao partido de voltar a ocupar uma cadeira na Casa Tavares Bastos será uma honra, buscando estender a nossa luta em favor de todos os alagoanos que sonham com justiça social, apresentando projetos que consolidem as políticas públicas para a maioria da sociedade.

Tribuna do Sertão – O senhor já tem experiência como vereador por Delmiro Gouveia. Acredita que isso o ajudará na Assembleia?

Professor Edvaldo – Espero realizar um mandato que represente uma nova postura na Casa de Tavares Bastos, mais próximo dos movimentos sociais, debatendo os principais problemas da comunidade. Um mandato democrático, participativo, com as características do trabalho que tenho desenvolvido em Delmiro Gouveia como vereador, de ouvir a população, de apresentar proposições que realmente tenham como reflexo os anseios da sociedade.

Tribuna do Sertão – O Estado de Alagoas tem apresentado índices negativos em várias áreas sociais. Como o sr. observa essa questão?

Professor Edvaldo – O PCdoB elaborou um documento intitulado Alagoas: O Grande Desafio, onde faz um estudo sobre o Estado de Alagoas. Neste documento nós  apresentamos dados que dão conta que os indicadores sociais mais baixos do país, do nosso Estado. Em 2007 o seu Produto Interno Bruto (PIB) era de 14 bilhões de reais, penúltimo lugar entre os Estados nordestinos, com uma renda per capita 20% menor que a nordestina e de apenas 40% da renda per capita nacional. Estudos sobre a realidade alagoana destacam altos percentuais de 62% da população na linha de pobreza, mais 50% tendo de receber assistência do programa Bolsa Família. De acordo com estudos do economista Cícero Péricles de Carvalho, as razões desses números são reflexos de três fatores fundamentais – ausência de um amplo mercado interno, decorrente de uma economia que atenda à demanda regional, que aumente e distribua a renda, procurando incorporar a maioria da população no processo de produção; insuficiência de polos produtivos dinâmicos capazes de substituir em maior número possível as importações e realizar as exportações para o exterior e outros estados, promovendo o crescimento regional e por fim a falta de capacidade de investimento do setor público do Estado e dos municípios.

Tribuna do Sertão – Então, diante do exposto qual seria a atitude correta a ser tomada?

Professor Edvaldo – Diante deste quadro, o economista ressalta que só será possível transitarmos para uma nova etapa na vida do Estado de Alagoas se um conjunto de forças conseguir construir uma ampla unidade de propósitos e ações nos planos econômico, social e político. Para isto, é necessário buscar ideias em torno dos caminhos do desenvolvimento econômico, das melhores estratégias visando à inclusão social, além do conhecimento científico da realidade regional. Tudo isso implica na necessidade da construção de um novo e avançado Projeto de Desenvolvimento para Alagoas, nos planos econômico, social e político, que vem sendo proposto pelo PCdoB.

Tribuna do Sertão – Pode-se afirmar que o senhor é um candidato cuja liderança está atrelada ao Sertão?

Professor Edvaldo – Vivemos em uma região que sofre com a ausência de políticas públicas e de diversos tipos de serviços e que concentra uma grande parte da população com baixa renda do Estado. É preciso ter outros olhos quando se fala do Sertão porque faltam programas efetivos na geração de emprego e renda, na educação, na saúde, no turismo, enfim, nas mais diversas áreas, que fazem com que este povo carregue na sua história marcas de sofrimento que só sabe quem convive e vive nesta região. O que eu penso como parlamentar do Sertão é defender um mandato em prol desta comunidade, buscando propor ações que possibilitem amenizar o sofrimento deste povo, que busquem melhorar a qualidade de vida, que possibilitem mais empregos e renda, que nos dê a oportunidade de ter uma saúde e uma educação de qualidade. Queremos ter uma política de saúde pública que possa atender a comunidade sertaneja, seja no alto, médio e baixo Sertão.

Tribuna do Sertão – Então, qual será a sua plataforma para os sertanejos?

Professor Edvaldo – Uma luta específica do mandato será a realização de investimentos no Hospital Antenor Serpa, como centro de referência no alto Sertão, assim como acontece com o Hospital Regional Clodolfo Rodrigues, em Santana do Ipanema. É muito triste ver famílias perdendo seus entes queridos por falta de atendimento médico.  Uma das alternativas para a geração de emprego e renda é o investimento no turismo. Se faz necessário profissionalizar esta área, uma vez que a nossa região tem umas das mais belas paisagens de Alagoas, com seus cânions, histórias e cultura, mas que necessita de divulgação para que se transforme verdadeiramente na indústria do turismo, gerando renda e trabalho para a população local.

Tribuna do Sertão – Uma dos problemas enfrentados pelos sertanejos é a seca, mas o governo do Estado afirma que o Canal do Sertão é uma alternativa para amenizar este sofrimento. O que o senhor tem a dizer sobre a forma como foi implantado este projeto?

Professor Edvaldo – O governo do Estado precisa fazer com que o Canal do Sertão cumpra realmente o seu papel. A definição do seu uso deverá ser realizada através de uma legislação que garanta aos sertanejos o acesso à esta água, com destino ao consumo, a irrigação, o que só poderá ser feito através desta regulamentação. Entendo que de nada adianta um projeto como este se ele não servir ao interesse dos sertanejos que estão ao redor do Canal; de nada adianta beneficiar os grandes produtores em detrimento daqueles que mais precisam. É um grande equívoco dizer que a seca é a grande responsável pela miséria. Na verdade, é o modelo de desenvolvimento das políticas públicas que fazem com que a população viva nesta situação. Como sertanejo, defenderei a construção desta legislação que realmente favoreça o nosso povo do Sertão, que se torne o principal foco desta obra.

“Estarei realizando um mandato que represente uma nova postura na Casa de Tavares Bastos, mais próximo dos movimentos sociais, debatendo os principais problemas da comunidade. Um mandato democrático, participativo”, afirmou Edvaldo.

A escolha do nome do Professor Edvaldo como candidato único do PCdoB Alagoas é reflexo da sua trajetória política, que teve início nos anos 80, quando participou dos movimentos estudantis e culturais no município de Delmiro Gouveia, sendo eleito diretor de cultura da União dos Estudantes Secundaristas de Alagoas (UESA) e posteriormente tesoureiro da instituição. Foi diretor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas. Foi dirigente na União da Juventude Socialista (UJS). No ano de 2004 passou a ocupar uma cadeira na Câmara de Vereadores de Delmiro Gouveia, sendo o vereador mais votado do município e proporcionalmente um dos mais votados do Brasil, sendo reeleito nos anos de 2008 e 2012. Participou da campanha para governo do Estado de Alagoas, em 2006, como candidato a vice-governador junto com a Professora Lenilda Lima.