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Francisco Valois

01/10/2014
Francisco Valois

    Francisco Valois brindou, mais uma vez, a cultura alagoana com um belo livro de poemas. Poeta maior, cantado e destacado por Jorge de Lima, Lêdo Ivo, Mauro Mota, Gonzaga Leão, Christiano Nunes, Carlos Moliterno, Jaime de Altavila e tantos outros luminares da inteligência brasileira, permanece um referencial sublime em seus versos.
Em a Noite Reinventada ele canta a liberdade:
“Gira o catavento/Transponho o muro do sonho/Nas asas do vento”.
Destaca a nostalgia da mulher abandonada, em Sinhá Moça:
“Bem longe, o latido de um cão revive a emoção de um amor perdido.”
No corpo-a-corpo, oferece uma mensagem de erotismo:
“No leito macio/aflora a rosa que chora/no orgasmo do cio.”
Homenageia a memória do poeta maior, Carlos Drummond de Andrade:
“E agora, Drummond?/a morte o levou/a vida acabou/o povo sentiu,/a rosa chorou;/ e
agora, Drummond?/E agora você?/você de Itabira,/que cedo emigrou,/você que fez
versos, que amou, contestou?/e agora, Drummond?
Vive a fuga da mulher amada no soneto:
“És, no encontro de fugas,/ressonância impossível de músicas –/e esquiva/ imagem  no vazio –/das distâncias.”
Busca a eternidade:
“nos seios flagelados, ondulantes,/ como rosas que o mar  gesta  na areia;/os
olhos – luas cheias, glaciais –/  que rondam as esfinges do meu sonho.”
Transborda o amor filial quando exalta a filha Luciana:
“A noite se escondeu/nos seus cabelos e a madrugada abriu/ novos caminhos que se perdem na/ praia do impossível e se confundem em/ sombras erradias.”
Francisco Valois foi uma personalidade que consegue permanecer pura, dentro da fragilidade humana. Não encontramos nele a irresponsabilidade do boêmio inveterado, os arroubos dos líderes dos conflitos de classe, o encanto do sedutor de mulheres. Ele foi o bom filho, o bom amigo, o bom companheiro, o bom esposo, o bom pai. Sua poesia não transmite angústia e, sim, beleza. É um canto ao amor, ao belo.