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Convescote na praia do Francês

20/07/2014
Convescote na praia do Francês

    Gosto de ler desde menino, no Colégio Diocesano as aulas de português além de ditados, composições, tinha prática de falar em público, Paschoal Savastano e Fernando Tourinho eram os melhores oradores. Em minha casa havia uma vasta e diversa biblioteca, li todos os romances, as coleções, Clássicos Jackson, Tesouro da Juventude e outras. Aos 15 anos ingressei na Escola Preparatória de Cadetes, meu local de lazer preferido era a biblioteca, sempre renovada, lembro quando apareceu “Gabriela, Cravo e Canela” de Jorge Amado em 1958, o livro mais disputado entre os alunos. Fiz a Academia Militar das Agulhas Negras, em fins de semana no Rio de Janeiro eu era rato de livraria, assisti a efervescência do mundo se transformando pela cultura, nossa geração foi privilegiada. Afinal quando terminei o curso, Tenente do Exército, escolhi servir em Salvador só por ser a terra de Jorge Amado e Dorival Caymmi. Certo dia encontrei Jorge Amado num bar, conversei com ele, foi a Glória.
Pensei em cursar Engenharia à noite, pedi transferência para o Recife, logo se deu a Revolução ou Golpe de 1964. Foram muitas história em minha vida, gostava de contar aos amigos, sem nunca me passar pela cabeça em escrevê-las. Só em 2001, aos 61 anos, resolvi testemunhar em depoimento o que vi acontecer, escrevi meu primeiro livro, “Confissões de um Capitão”, sucesso inesperado em todo Brasil, vários lançamentos, até entrevista no Programa do Jô Soares. Foi quando o jornalista Plínio Lins convidou-me a escrever uma coluna com histórias da vida real no O Jornal, aceitei, passei 2 anos escrevendo todo domingo um conto com imaginação fértil, algum sexo e bom humor, agradou ao grande público. O Jornal acabou com o suplemento literário, fiquei algum tempo sem escrever.
Certa noite encontrei-me com Fernando Collor, convidou-me a escrever na Gazeta de Alagoas, até hoje escrevo aos domingos, as “Histórias do Velho Capita” , nunca pensei que a Gazeta tivesse tanta penetração, hoje sou conhecido em toda Alagoas , devido também ao convite do escritor Ivan Barros, minhas crônicas  é editada no hebdomadário Tribuna do Sertão ( Palmeira dos Índios)
Esta crônica é a 683ª escrita nesses mais de 13 anos. Não parei de escrever, crônicas, romance, memória.Estou lançando na próxima quarta-feira (23) meu 22º livro, as histórias semanais de 2013, dei-lhe o título de uma crônica, “Convescote na Praia da Sereia”, uma historinha acontecida nos finais dos anos 60 quando 10 bravos acadêmicos de engenharia, meus colegas de turma de Faculdade, realizaram um piquenique, um convescote, bem à vontade, com algumas amigas na belíssima Praia da Sereia, litoral norte das Alagoas, numa noite de lua cheia. Quando estavam brincando de pega-pega, apareceram dois carros da Rádio Patrulha, luzes acesas, prenderam todos, só saíram pela manhã da Delegacia. Claro que não dei nomes, aqueles bravos estudantes, hoje são autoridades. A minha turma ( engenharia 71) deu governador, prefeitos, deputados, vereadores. O livro contem mais 42 crônicas, contos, “Ribamar Assumiu”, “O Amor no Tempo do Bonde”, “Memorial à Rapariga Desconhecida”, “O Enterro do Colaço”, “Minha Querida Inês”,
“A Menina da Calcinha de Cachorrinhos Azuis”, “Terra e Mar”, “Priapismo”, “A Piranha Moscovita”, “Quando Chico Holanda foi Prefeito de Maceió”, entre outras histórias inspiradas na vida real e na invencionice.
Meu amigo de infância, cineasta Cacá Diegues é quem diz: “Carlito sempre soube contar muito bem histórias, com a graça e a inteligência que seus amigos sempre tiveram o privilégio de conhecer. A razão principal, eu acho, é que ele ama os protagonistas dessas histórias todas, esses personagens que trata com tanto carinho, os bêbados e os políticos, as casadas sofredoras e as ansiosas solteiras, os artistas populares e o povo das feiras, os pescadores e os poderosos, os santos e as adúlteras, os malandros e as putas. Trata-se de uma galeria de heróis cotidianos vivendo épicos íntimos, entre o lar e o motel, a escola e o botequim, a praça e o quartel, como se a vida não tivesse limites nem merecesse ter um. Por isso mesmo, podemos também dizer que a literatura de Carlito Lima é única, só dele. E que, ao nos aproximarmos dela, sentimos a mesma e imensa alegria de quando vemos seu autor ao vivo.”
O livro, “Convescote na Praia da Sereia” será lançado na próxima quarta(23) a partir das 19 horas na “Livraria Viva”, Avenida Amélia Rosa 625 – Ed. Square Parque Office, térreo – Jatúca – Maceió. Todos estão convidados, amigos e inimigos, vai rolar vinho e poesia, comprando o livro você estará também ajudando a um idoso conhecer a Europa Oriental em setembro.