Artigos

Pedro Porto

11/06/2014
Pedro Porto

Lembro-me, perfeitamente, dos meus primeiros dias como Secretário da Fazenda. Quase adolescente, ainda, fora levado, para aquela importante função pelo Major Luiz, então Governador do Estado. Entre os que me ajudariam a desempenhar a minha nova missão, encontrei um homem que conquistou a minha amizade e a minha admiração: Pedro da Costa Porto.
Pedro Porto não foi o único a iluminar os caminhos do novo e inexperiente Secretário da Fazenda. Foi, entretanto, no meio dos amigos que fiz naquela Pasta, um dos que me causaram a mais profunda impressão. Tocado por um enorme amor à coisa pública, dedicado inteiramente ao seu trabalho, que conhecia nos mínimos pormenores, Pedro Porto dava-me, ainda, diariamente, exemplos de correção pessoal e de honestidade de princípios.
Porque os sabia experientes e leais, eu buscava sempre, a opinião de Pedro Porto e de Marinho Júnior. Eles fizeram com que o meu espírito jovem acreditasse, ainda mais, a partir daqueles dias, no sentido da administração por equipe.
Passaram-se os dias. O destino levou-me a novos postos. Prefeitura de Maceió. Liderança do Governo na Assembléia, Presidência do Poder Legislativo e da Associação Brasileira dos Municípios e, finalmente, o Governo de Alagoas. Em todos esses lugares tive oportunidade, em momentos decisivos, de voltar-me para os ensinamentos de espírito público que Pedro Porto me oferecera. Procurei, sempre, não decepcionar aquele colega que, jamais, se valera da pouca experiência do Secretário de Estado, que nele confiou, para tirar proveito pessoal.
Existem pessoas que ficam famosas pela sua riqueza, pela sua inteligência e, até, pelo exotismo de suas posições. Outras, conquistam a glória pelo seu trabalho cansativo, diuturno, feito de pequenos e grandes atos de renúncia, de coragem, de abnegação. A fama leva o indivíduo ao conhecimento e à inveja do grande público. O outro tipo de glória, aquele do dia-a-dia, não conduz às manchetes dos jornais e nem ao vídeo da televisão, mas se constitui, sem dúvida, na melhor gratificação que um homem pode receber, a do dever cumprido.
Pedro Porto era um desses cidadãos que, não só honravam o direito, a uma justa aposentadoria, como também a uma dignificada estação de paz de espírito e de tranqüilidade. A sua glória, ele a conquistou sendo um homem entregue ao seu trabalho e um funcionário cônscio de sua responsabilidade para com o bem comum.
O jovem Secretário da Fazenda, que fui, se transformou no homem maduro de hoje. Mesmo assim, de vez em quando, me volto para o velho amigo da Secretaria e encontro, na sua lembrança, subsídios para a minha ação de homem público.
Tenho sempre, por isso, uma palavra de reconhecimento e de estima para com esse grande homem que se chamava Pedro Porto.