Foi pelo suor deles que o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, palco de sete das 64 partidas da Copa do Mundo FIFA 2014, foi erguido. E, assim sendo, é de se entender que a emoção desses operários ao receber um ingresso para os jogos na capital seja diferente. Nesta quarta-feira (11.06), dezenas de operários buscaram em um guichê montado nas proximidades do estádio na capital para receber um bilhete que, para muitos, é a realização de um sonho distante.

Por meio de um acordo entre a FIFA e os consórcios construtores das arenas das 12 sedes da Copa no Brasil, os operários que trabalharam nos estádios receberão ingressos do Mundial. E na capital, a alegria dos que já garantiram suas entradas era evidente.

Enquanto estão na fila, os operários não sabem para qual jogo receberão ingressos. Essa escolha é aleatória. Por isso, a emoção maranhense Sualdo Sankel Carneiro da Silva, 46 anos, foi ainda mais especial ao ler para qual duelo tinha sido sorteado. No dia 23 de junho, quando a bola rolar, a partir das 13h, para Brasil x Camarões, último duelo da Seleção Brasileira na fase de classificação, Sualdo será um dos mais de 70 mil de torcedores que irão apoiar o time de Felipão em Brasília.

Nascido em Igarapé Grande e há 16 anos vivendo na capital, Sualdo trabalhou por um ano e 10 meses como pedreiro no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. O trabalho começou em 2012 e hoje, ao ver a arena pronta para a Copa e com a certeza de que estará presente quando o Brasil pisar em campo para medir forças com Camarões, o maranhense custa a acreditar no que está prestes a viver.

“Eu não esperava que fosse ver um jogo do Brasil na Copa. É muito caro e não tenho dinheiro suficiente para comprar um ingresso desses”, declarou Sualdo. O jogo do dia 23 de junho será ainda mais especial pois, além de ser uma partida do Brasil na Copa do Mundo, o confronto marcará a primeira vez que Sualdo verá um duelo no estádio que ajudou a erguer. “A emoção é grande demais. Nunca vim ao estádio depois que ele ficou pronto e agora vou assistir a uma partida da Copa do Mundo e ainda por cima da Seleção Brasileira. Estou muito feliz porque eu ajudei a construir e agora vou desfrutar um pouco de toda essa beleza”, disse, emocionado.

Quem também está nas nuvens é o brasiliense Fernando Constantino da Silva, 34 anos. Durante um ano e 9 meses, Fernando trabalhou nas obras do estádio da capital. “Comecei a trabalhar no estádio no dia 7 de fevereiro de 2012”, recordou Fernando. “Entrei como ajudante de montador e saí como auxiliar de meio ambiente”, prosseguiu.

Fernando não teve a mesma sorte que Sualdo e não foi contemplado com um ingresso de Brasil x Camarões. Por outro lado, ele terá a honra de ver o primeiro jogo da Copa em Brasília, no próximo domingo (15.06), às 13h, entre Suíça e Equador.

“Não é o jogo do Brasil, mas pelo menos vou assistir à abertura da Copa em Brasília, que vai ser algo histórico. Essa iniciativa, de dar ingressos aos operários, é muito gratificante e gostaria de agradecer a todos por terem disponibilizado os ingressos para a gente”, declarou Fernando.

O Brasiliense Marcos Ramos de Oliveira, 33 anos, trabalhou como montador por quase 10 meses no estádio. Ele recebeu um ingresso para Colômbia x Costa do Marfim e não escondeu a empolgação. “A Copa é no país da gente e a última foi em 1950. O que sinto é uma emoção grande de ver aqui no Brasil e com certeza vou adorar ver uma partida do Mundial no estádio a participar dessa festa”.

Ainda na fila para retirar seu ingresso, a brasiliense Patrícia Rodrigues Costa, 25 anos, que atuou no estádio como auxiliar de serviços gerais, estava na torcida por um ingresso do jogo do Brasil. “Tomara que eu receba um ingresso para ver a Seleção Brasileira. Mas se não der, só de ver um jogo da Copa no estádio já vai ser ótimo. Foi uma iniciativa muito legal dar esses ingressos para a gente e permitir que todos os operários possam ver pelo menos um jogo no estádio que a gente ajudou a construir”.