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Mulheres quilombolas buscam autonomia com apoio do Estado

29/05/2014
Mulheres quilombolas buscam autonomia com apoio do Estado

Mulheres são orientadas no aperfeiçoamento do artesanatoo que proporciona a inserção no mercado (Foto: Ascom Semcdh)

Mulheres são orientadas no aperfeiçoamento do artesanatoo que proporciona a inserção no mercado (Foto: Ascom Semcdh)

A antiga fábrica de farinha se transformou em galpão de sonhos e oportunidades para as mulheres da comunidade quilombola de Palmeira dos Negros, no município de Igreja Nova, que participam do projeto Saber Tradicional das Mulheres Quilombolas, iniciativa da Secretaria de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos (Semcdh), por meio da Superintendência de Promoção dos Direitos e de Políticas para a Mulher.
Este projeto, que faz parte do Programa Alagoas Tem Pressa, tem como objetivo possibilitar a inserção produtiva de mulheres em situação de vulnerabilidade social e socioeconômica de comunidades remanescentes dos quilombos em Alagoas. Tendo no artesanato o ponto de partida, as mulheres recebem capacitação para qualificação profissional e oportunidade de emprego e geração de renda, respeitando e valorizando seus princípios estéticos, étnicos e tradicionais, com foco na melhoria da qualidade de vida.
Outros temas também bastante discutidos foram questões de violência contra a mulher, direitos humanos e Lei Maria da Penha. Em visita técnica, realizada esta semana, a superintendente Solange Viégas e as gestoras Perolina Lyra e Emilene Agra acompanharam os trabalhos desenvolvidas pela comunidade.
“Este projeto é fundamental para resgatar a autoestima das mulheres quilombolas, além de proporcionar autonomia econômica e tornar conhecida a Lei Maria da Penha e os demais mecanismos de proteção a mulher em situação de violência doméstica ou familiar”, comentou a superintendente Solange Viégas.
As mulheres das comunidades Jacú Mocó (Poço das Trincheiras), Palmeira dos Negros (Igreja Nova), Serra da Viúva (Água Branca) e Alta de Negras (Canapi) têm instruções divididas em quatro módulos, Raça/etnia; sustentabilidade; consciência ambiental; direitos; criação de produto e mercado de trabalho são alguns dos assuntos abordados.
Cerâmica, couro de bode, fibra de croá, sacolas plásticas e palha de ouricuri são os materiais utilizados para criar o artesanato. A arquiteta e capacitadora Mirna Porto faz releituras das peças confeccionadas para aperfeiçoar o artesanato e proporcionar a inserção de objetos mais vendáveis. “Elas têm muita alegria e vontade. Mas precisam ter também consciência de mercado e que estão reproduzindo a tradição”, explicou.
Em Palmeira dos Negros, a palha seca do ouricuri é transformada em bolsas, brincos, colares e chapéus. Para Rosineide dos Santos, de 31 anos e mãe de três filhos, o projeto mudou a vida das mulheres da comunidade. “Nossa vida mudou bastante. A Mirna nos ensina a criar novas coisas. E espero que este aprendizado se transforme em novas oportunidades para nós”, disse.
Já Marta Regina, de 31 anos, é um exemplo da tradição. “Aprendi o artesanato com a minha mãe. Também aprendi com ela a criar novas peças. Eu sou apaixonado pelo artesanato”. E acrescentou que o projeto trouxe esperança: “Com a Mirna, renasceu a esperança de sermos reconhecidas pelo artesanato”, completou.