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Criação de peixe e fruticultura irrigada mudam realidade sertaneja

14/05/2014
Criação de peixe e fruticultura irrigada mudam realidade sertaneja

   Agricultor canal do Sertao No trecho do Canal do Sertão que já foi inaugurado e está em operação, apenas uma bomba, junto ao efeito da força da gravidade, é capaz de levar água aos habitantes da região. Tudo isso a custo zero, segundo o assessor da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) Eraldo Alves.
Eraldo aponta o que o Canal já representa no momento. “Provisoriamente, enquanto três grandes adutoras ainda estão sendo construídas, as 200 mil pessoas que o Canal do Sertão beneficia contam com abastecimento de água por meio de carros-pipa. Diariamente, esses caminhões cadastrados e fiscalizados coletam água no Canal do Sertão e a entregam já tratada às comunidades”, explica.
“Hoje temos centenas de pontos de abastecimento que também são usados por pequenos produtores para a irrigação de seus lotes, além de 180 barreiros abastecidos com tilápias e tambaquis”, afirma Eraldo Alves.
Em Água Branca, José Roberto é a prova viva de como a maior obra estruturante já feita em Alagoas está beneficiando o pequeno produtor. “Se eu quiser plantar dez tarefas de terra eu tenho como, você acredita?”, provoca o agricultor, que enumera o que tem cultivado em suas terras. “Caju, acerola, milho, cana, macaxeira, banana, feijão de corda, abóbora e o que mais a gente quiser plantar dá aqui”, diz com satisfação.
Para o agricultor, a maior diferença entre os dias atuais e o tempo em que o Canal só existia no papel é a independência na produção e em tudo o que está ligado a ela. “Antes, para ter qualquer coisa, a gente precisava pedir, e dependia muito da boa vontade dos outros. Agora não. Peço só a Deus, o resto eu mesmo faço”, diz.

Antes e depois

Entre uma história e outra, o agricultor José Roberto vai até o interior de sua casa e traz uma fotografia da época em que os benefícios do Canal eram apenas esperança para um sertanejo castigado por décadas de estiagem. No registro, ele começava a arar a terra seca e sem vida, que nem de perto lembra o verde e o colorido das frutas e legumes em abundância de hoje em dia.
Afoito, José Roberto parece se dar conta – ao olhar a foto – que muito ainda está por vir. “Da próxima vez que você vier aqui, eu já vou fazer mel com a cana que estou plantando. Vou montar um engenho pequeno aqui para mim”, projeta o agricultor, com o mesmo largo sorriso estampado na face.

Projetos

O Canal do Sertão não representa apenas melhoria no abastecimento de água em centros urbanos. O uso da água se estende a atividades agrícolas e pecuárias, desenvolvendo a agricultura familiar e aumentando o número de pequenos produtores que vêm testemunhando, ao longo do último ano, a terra que antes era seca e improdutiva se transformar em campo fértil na região.
Os 65 km de canal em funcionamento possibilitam a execução de projetos para desenvolver o potencial do campo. Enquanto a Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri) identifica as principais culturas que serão inseridas na região, pesquisas e capacitações já começaram a ser realizadas pela Emater (Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável).
Segundo a diretora-presidente da Emater, Inês Pacheco, a área apresenta potenciais econômicos que já foram diagnosticados, como a bovinocultura do leite, a ovinopacrinocultura e a plantação de palma e sorgo. “A Emater trabalha para ampliar o conhecimento desses agricultores e a tecnologia adequada para eles. O objetivo é melhorar os resultados do trabalho dessas pessoas”, explicou.
Profissionais vêm sendo qualificados pela Emater para garantir apoio técnico às atividades rurais. É o caso de técnicos que estão sendo capacitados para trabalhar junto a 960 agricultores em 12 municípios, por meio de convênio com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O convênio ainda prevê a implantação de 86 unidades demonstrativas das culturas de palma e sorgo voltados para a forragem animal na região do Canal do Sertão.
Outro edital, que encerra as inscrições em 16 de maio, concederá 30 bolsas a profissionais que vão prestar assistência técnica aos agricultores familiares beneficiados com os kits de irrigação entregues pelo Governo do Estado, em convênio com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf ). Até o fim do ano, mais 750 kits serão implantados.
Já o projeto Mulheres Rurais em Territórios da Cidadania, com apoio do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), vai assistir 240 mulheres em oito municípios sertanejos para qualificá-las no trabalho com a produção de alimentos, bens e serviços e sua comercialização.