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A luta política

16/05/2014
A luta política

    O historiador Eric Hobsbawm recentemente falecido disse em 1970 que todo ser humano tem consciência do passado (definido como o período imediatamente anterior registrado na memória de um indivíduo) em virtude de viver com pessoas mais velhas.
Que ser membro de uma comunidade humana é situar-se em relação ao seu passado ou da comunidade ainda que seja para rejeitá-lo ou transformá-lo.
No entanto, em sua obra Era dos Extremos, de 1994, observando os fenômenos gestados pela Nova Ordem neoliberal do Mercado e a realidade geopolítica mundial unipolar sob a liderança dos Estados Unidos, passou a tecer outras considerações.
Afirmou que às novas gerações está sendo imposta, por essas forças que detêm o controle geral das sociedades, uma espécie de presente contínuo em que o conhecimento do passado, mesmo o passado mais recente, lhes é negado faltando-lhes assim o cotejamento necessário para traçar a perspectiva transformadora ao futuro.
Daí o fetiche pela mercadoria ter assumido papel central nesses tempos onde a sociedade de consumo adquiriu valor absoluto para as comunidades em escala planetária.
Como as coletividades, os indivíduos, ainda não conseguem vislumbrar os caminhos de um mundo mais solidário, inerente ao homem que é essencialmente um ser social mesmo em sua individualidade intransferível, a deificação da mercadoria exacerbou o fator neurotizante dos tempo atuais.
Provocando surtos de ansiedades sociais, tempestades de insatisfações coletivas difusas com baixo teor de consciência política já que as alternativas à sociedade erguida pela globalização financeira, à nova ordem mundial, ainda não amadureceram na consciência dos povos.
A luta política, questão inseparável das relações humanas, continua. As contradições entre as elites do Mercado e as grandes maiorias são antagônicas. A necessidade de afirmação de projetos soberanos é real mas tem sido escamoteada às sociedades através da grande mídia hegemônica num esforço de entorpecimento coletivo sistemático, diário.
Assim é vital a construção de caminhos de transição desse tipo de civilização iníqua, de desrealização humana, ao tempo que se trava a batalha política concreta, determinada pela realidade objetiva, em defesa do progresso social, contra as forças retrógadas alinhadas à regressão neoliberal.