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Presidente Castelo Branco

03/04/2014
Presidente Castelo Branco

Exercia as funções de Prefeito de Maceió, quando o conheci. Alagoas encontrava-se sob o regime de Interventoria Militar. A não-conquista da maioria absoluta dos votos por nenhum dos postulantes ao Governo do Estado, nas eleições de 1965, a não-homologação, por parte da Assembléia Legislativa, do nome do Deputado Federal Muniz Falcão, candidato mais votado no pleito, apesar de ele ser um dos vice-líderes da bancada governista na Câmara, a extinção das agremiações partidárias, através do Ato Institucional 2, geraram um quadro político que provocou a Interventoria do General João José Batista Tubino.
Humberto de Alencar Castelo Branco visitava a nossa terra, não apenas como presidente da República, mas, também, como chefe revolucionário. Concentrava uma enorme soma de poderes em suas mãos. Poderia haver-se tornado mais um ditador latino-americano, como encontramos, com certa freqüência, independentemente de conceitos ideológicos, na história do continente. Seus princípios democráticos , contudo, levaram-no a auto-limitar, em 2 anos e 6 meses, o seu mandato presidencial, oferecendo, assim, um exemplo de não-perpetuidade no poder.
Do primeiro dos nossos encontros guardo apenas impressões de ordem social. Conversamos amenidades. População de Maceió, orçamento da Prefeitura, força econômica da cidade. Na segunda visita presidencial que nos fez, já no Governo Lamenha Filho, proferiu um discurso de muita profundidade política, reafirmando à Nação os propósitos democráticos do movimento revolucionário, do qual fora um dos principais líderes. O então governador de Pernambuco, Nilo Coelho, que estava presente, congratula-se com Lamenha pela homenagem prestada a Alagoas, por ter sido palco de um compromisso do maior significado para o futuro do país.
Estudioso e disciplinado, era um dos mais cultos oficiais generais das Forças Armadas Brasileiras. Possuindo todos os cursos do Exército, tendo participado, com destaque, da Campanha da Itália, era muito respeitado pelos companheiros e por todos aqueles que o conheciam de perto. Temperamento metodizado, insurge-se contra a anarquia hierárquica que pairava sobre a estrutura militar e seu apoio foi decisivo à deflagração do movimento de março de 1964. Coube-lhe a missão mais difícil. O tratamento de choque no corpo social. Medidas aparentemente antipáticas, tinham que ser tomadas. O governo torna-se temido e impopular. A História, entretanto, far-lhe-ia justiça. Deixando o país estruturado em bases legais e democratizado, através da Constituição de 1966, entrou na galeria dos grandes vultos do Brasil.