Artigos

Noites de azul e vinho

16/03/2014
Noites de azul e vinho

O casamento no 30º ano tornou-se monótono, uma ou outra noitada para não esquecer que existiam, Alencar e Sarita, aconteciam beijos em vez em quando, tudo sempre igual, como se fosse obrigação.
Certo dia Sarita por insistência de uma amiga acompanhou-a a uma palestra sobre o sexo na fase madura. A sexóloga de uma maneira original, sincera, mostrou, sexo não acaba e as alternativas existentes. Sarita falou para si mesma, se eu for fazer essas coisas com Alencar, do jeito que é conservador e moralista, vai me expulsar de casa como prostituta, rapariga de beira de estrada. Entretanto, comprou um filme para incentivar, excitar, seu sessentão.
À noite Sarita, jeitosa, contou à Alencar, sua amiga Lourdinha levou-a à uma palestra sobre sexo para mulheres maduras, não entrou em detalhes, porém, mostrou a fita, produção pernambucana, “As Secretárias Taradas”. Que tal assistir ao filme naquela sexta-feira tomando um vinho? Perguntou.
Sentaram-se no sofá, Alencar abriu um Château Lafite colocou em cima da mesinha, os dois brindaram, o controle remoto deu início ao filme. Uma historinha em que algumas jovens são candidatas a uma vaga no emprego. O patrão pessoalmente entrevista as candidatas à secretária, faz a primeira triagem, marca reunião com as três escolhidas, as três mais bonitas, cada qual, hora diferente. Na primeira entrevista, como era esperado, começa a pornografia explícita, Alencar gostou, comentou ser um filme pesado, nunca tinha visto tanta safadeza, no fundo estava excitado, tomando mais vinho, amando as carícias de Sarita, coroa bonita cheia de gás, muito caldo. Estavam em início de vias de fato quando a terceira história surpreendeu Alencar, olhou mais fixamente para a artista em ótimo desempenho, a esposa perguntou, por quê parou, ele respondeu, nada, recuperou-se do susto, entretanto, reconheceu a artista, era uma amiga, toda segunda-feira Alencar tirava a ressaca com Michelle num motel, ela dizia ser atriz, trabalhava em teatro, fazia algumas pontas em filmes no Recife, toda semana viajava para esse pequeno trabalho, ajudava a sustentar sua filha, ele também a ajudava, entretanto, queria mesmo estudar arte, tinha apenas 25 anos, nova, sem medo do trabalho. Alencar admirava essa menina com tanta garra, dava sempre um bom ajutório, achava Michelle um pouco inibida em suas carícias. Reconheceu a “namorada”, não teve dúvida quando deu um close, a atriz do filme era Michelle.
Noitada preciosa para o casal, Alencar gostou quando Sarita, depois da terceira garrafa de Château Lafite, desinibiu-se e fez coisas que jamais teve coragem nos 30 anos de casados. Ajudado pela azuladinha, ao acordar aconteceu uma matinal, como há muito tempo não faziam.
Na segunda-feira Alencar marcou com Michelle, em frente ao coreto da Avenida da Paz. Eram quatro da tarde quando ela entrou no seu lindo Honda, direto para a praia de Jacarecica. Alencar puxou conversa, perguntou sobre o trabalho, sobre o filme, displicentemente ela respondeu, seu trabalho era uma ponta no filme de arte, Pernambuco, agora é a Hollywood brasileira, filmes premiados, qualquer dia leva um Oscar.
No quarto ele pediu filmes pornô, para melhorar o desempenho, disse à “namorada”, ela sorriu enquanto lhe abraçava. Em vez do filme do motel ele colocou , “As Secretárias Taradas”, ficou aguardando começar abraçado à Michelle. Ao reconhecer o filme, ela levantou-se pediu para tirar a fita. Alencar acalmou-a, contou toda história, até agradeceu, ela reascendeu o desejo à sua mulher, estava insípido, agora havia reencontrado o sexo na maturidade. Deu uma de despedida, pagou a Michelle, nunca mais a procurou. Alencar adora suas noitadas de vinho e azuladinha com Sarita.