Cidades

Mudança de comportamento é desafio para produtores do semiárido

09/12/2013
Mudança de comportamento é desafio para produtores do semiárido

    Ensinar os produtores rurais a conviver com as dificuldades do semiárido é um dos maiores desafios que os programas Sertão Empreendedor: Um Novo Tempo para o Semiárido e Sudeste Empreendedor: Travessia Seca (que vem sendo executado no Tocantins) têm pela frente. Considerado fundamental para o sucesso da iniciativa, o assunto é tema da capacitação “A mudança da atitude do sertanejo”, que começou nesta segunda-feira (9/12), na sede do Sistema CNA/SENAR, em Brasília.

Foto: Wenderson Araújo/SENAR

Foto: Wenderson Araújo/SENAR

A atividade – que terá 40 horas/aula e é ministrada pela consultora Cláudia Cosentino – corresponde à segunda etapa do processo de treinamento e repasse metodológico para o desenvolvimento de novas competências comportamentais. O encontro reúne o grupo de técnicos e instrutores do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) do Nordeste e do Tocantins que participou do curso Novo Enfoque Tecnológico de Convivência com o Semiárido, realizado no final de novembro, em Petrolina (PE).
“Essa etapa é fundamental. Não adianta ensinarmos as técnicas se o produtor não quiser mudar. É preciso se preparar para conviver com a estiagem. Costumo falar para eles pensarem que todo ano será seco. Assim, sempre estarão prontos para enfrentar e superar as dificuldades”, declara o coordenador técnico do programa, Joaci Medeiros.

 Instrutores terão missão fundamental

Com uma longa experiência na área, Manoel Antônio Nicolau Barros, coordenador do Sertão Empreendedor no Maranhão e superintendente do SENAR por 18 anos, considera o treinamento extremamente importante para modificar comportamentos e atitudes que estão impregnados há séculos na cultura dos sertanejos. Na visão dele, trata-se de um programa de assistência técnica e os extensionistas têm o papel de interagir com a realidade e tentar melhorá-la, apesar das dificuldades de uma região inóspita.
“A extensão é como se fosse uma infantaria. Nós somos esse grupo que está lá na frente de batalha e vai trabalhar com o produtor rural. Não vamos modificar o semiárido, mas vamos usar o conhecimento para ajudar o produtor a continuar lá e ter uma vida mais digna com sua família”, ressalta.
O instrutor do Sertão Empreendedor na Paraíba, Ivanildo Cavalcanti de Albuquerque, alerta que o maior desafio será fazer os participantes confiarem nas tecnologias, já que o produtor “só acredita no que vê” e o descrédito existente é grande em razão de projetos anteriores que não funcionaram e frustraram os envolvidos. Albuquerque também considera essencial a formação de um grupo de produtores e de unidades de referência para comprovarem a viabilidade das técnicas difundidas pelo programa. Outro ponto decisivo para o sucesso, acrescenta ele, é saber aplicar as tecnologias no momento adequado.
“Temos que ser estrategistas. A tecnologia existe, mas precisa ser aplicada no momento correto para que o produtor possa superar as adversidades nas épocas mais difíceis. O desafio é grande, mas é possível. Vamos ter muito trabalho, porém não tem outra forma de mudar. O SENAR está no caminho certo”, salienta.

    Sertão Empreendedor

Com a determinação de estimular o espírito empreendedor e elevar a qualidade de vida da população do semiárido brasileiro, o SENAR criou o “Programa Sertão Empreendedor: Um novo Tempo para o Semiárido” que vem sendo desenvolvido em uma ação conjunta com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O projeto visa promover a competitividade e sustentabilidade dos empreendimentos rurais no semiárido brasileiro através do fomento à inovação, ao empreendedorismo e a difusão das tecnologias sociais, de produção, gestão e boas práticas de convivência com o semiárido.
Lançado em maio deste ano, o Sertão Empreeendedor já está em execução em seis municípios da Paraíba (Cajazeiras, Sousa, Catolé do Rocha, Campina Grande, Juazeirinho e Santa Luzia) e tem como meta atender 25% das cidades do semiárido, ou seja, 300 municípios.

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